Após denúncias de assédio sexual contra o prefeito de Não-Me-Toque, Armando Carlos Roos (PP), A Câmara Municipal deve investigar o caso por meio de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Na sessão da noite de segunda-feira (9), sete dos nove vereadores se pronunciaram a favor de que a Casa não se omita, e cinco deles propuseram a investigação efetiva, ou seja, a maioria. As informações são do G1.
A proposta de abertura da CPI deve ser votada na próxima sessão.
O caso veio à tona no último dia 3 de abril, em uma coletiva de imprensa da Polícia Civil. Na ocasião, o delegado Gerri Adriani Mendes disse que foram enviados ao Tribunal de Justiça todos os documentos para que a apuração desse crime seja autorizada.
A investigação policial depende do aval do poder judiciário porque o suspeito tem foro privilegiado.
“É mais uma pressão da população nos cobrando, a gente nota que nas redes sociais a população tem pressionado para que a Câmara tome uma atitude”, disse o vereador Maiquel Delano Silva, do PTB.
“Emprego a gente tem que arrumar com a competência, experiência, os méritos, como estudou… Não com a forma como foi vista no vídeo”, acrescenta o vereador Everaldo Quadros de Moura, do PDT.
Vereadores ligados à administração foram mais cauteloses. Destacaram que a investigação cabe aos órgãos competentes.
“Temos que analisar os fatos, os dois lados. Não podemos ficar apenas no que apareceu até agora, e acredito que esse caso ainda possa vir a dar uma revitavolta”, disse Cláudio Trentin, do PP.
Foram duas mulheres que fizeram denúncias. Um vídeo gravado por uma delas mostra o prefeito conversando com a mulher sobre o cargo que ela ocuparia na prefeitura e a convidando para ir a seu apartamento.
O vídeo, gravado de forma escondida pela servidora, circula desde o dia 2 de abril em redes sociais e grupos de conversa (veja acima). Nas imagens, o suspeito negocia um encontro com ela, que aconteceria antes que ela começasse a trabalhar em um cargo no município.
“Eu posso deixar a empregada sem vir uma tarde. Daí tu ia no meu apartamento”.
“Tá, vamos ver então”.
“Mas tem que ser semana que vem. Porque na outra tu já começa”.
No fim, o suspeito afirma:
“Eu não quero namorar de graça”.
Em nota, o prefeito Armando Carlos Roos afirmou que “ainda não foi citado da ação penal referente ao fato noticiado, tendo sido surpreendido através das redes sociais com a divulgação de documentos referentes ao inquérito policial”. Ele acrescentou que “está tomando as providências cabíveis quanto a responsabilização das pessoas e entidades envolvidas com a publicidade indevida dos documentos e vídeo de caráter pessoal” (leia abaixo a nota na íntegra).
A autora do vídeo, que tinha cargo em comissão (CC) na prefeitura, foi desligada. A outra é concursada. De acordo com a Polícia Civil, as duas mulheres solicitaram medida protetiva. Cabe ao Tribunal de Justiça dispor ou não dessa medida. O G1 consultou o TJ, e aguarda retorno.
Nota de esclarecimento
“Armando Carlos Roos, Prefeito Municipal de Não-Me-Toque/RS vem a público em respeito a verdade e a opinião pública, manifestar-se sobre a acusação de assédio sexual, esclarecendo o seguinte:
O Prefeito ainda não foi citado da ação penal referente ao fato noticiado, tendo sido surpreendido através das redes sociais com a divulgação de documentos referente ao inquérito policial, sendo que está tomando as providências cabíveis quanto a responsabilização das pessoas e entidades envolvidas com a publicidade indevida dos documentos e vídeo de caráter pessoal.
No que refere ao vídeo que vem sendo compartilhado junto ao aplicativo de mensagens instantâneas, Whatsapp, importante referenciar que mostra tão somente diálogo ocorrido entre o Prefeito Armando Carlos Roos e a suposta vítima, sendo que esta seria nomeada para um cargo de confiança , junto a Secretaria Municipal de Obras. A Suposta vítima utilizou-se da confiança do prefeito para gravar o referido vídeo, e somente um ano depois vem a público divulga-lo, após a sua exoneração.
O assédio relatado pela suposta vítima será devidamente apurado durante a instrução processual, se houver o recebimento da denúncia.
Por inúmeros motivos lamento este episódio, manifestando que as minhas ações sempre foram pautadas pelo respeito e obediência as leis, as autoridades e sobretudo a Comunidade Não-Me-Toquense, a qual peço desculpas pelo fato em questão principalmente pelo mesmo ter ocorrido junto ao Gabinete, o que acabou elevando a repercussão do caso.
Armando Carlos Roos”
Foto: Gaúcha ZH