Safra do trigo de 2017 deve ser a menor em dez anos, estima Emater

Considerada a mais instável lavoura gaúcha, a colheita do trigo não será boa este ano. As condições climáticas dos quatro meses de desenvolvimento da cultura do cereal, que é a principal cultura de inverno, não foram favoráveis para o grão no Rio Grande do Sul.
Apesar do manejo adequado na lavoura, uma combinação de fatores como chuva em excesso, geada e seca prejudicou os 720 mil hectares cultivados do cereal. No estado onde já se plantou mais de 1.180 hectares, nos últimos anos a cultura vem decrescendo. Conforme as estimativas iniciais da Emater a safra 2017 vai ser a mais baixa dos últimos dez anos. O cálculo é que a quantidade de quilos por hectare fique em 2.419 e a produção em toneladas seja de 1.760.579.
Outro fator que contribuí para a queda na colheita é a desvalorização do trigo no mercado. De acordo com o técnico agropecuário da Emater, Leonardo Rustick, o preço não está sendo adequado e há também a questão da comercialização.
“Não se tem certeza ainda se o produtor poderá comercializar esse produto. Outra incerteza é o preço, que está abaixo do mínimo”.
O agricultor Alessandro Brönstrup, da cidade de Três de Maio, no Noroeste do Rio Grande do Sul, tinha a expectativa de que os oitenta hectares de trigo da família rendessem, em média, 50 sacas por hectare. Entretanto, somente neste início de colheita o agricultor já percebeu que a produção não deve passar de 25 sacas por hectare, o que é sinal de prejuízo financeiro.
“Esse ano não vai ser como a gente planejou, em função do tempo e o preço não ajudou muito. Vai ser um ano difícil”, lamenta Alessandro.
A diferença no preço da saca no mercado, se comparado ao da safra passada, chega a R$ 10 a menos. O alerta maior é do grão que vai daqui para a indústria. O coordenador de agroindústria Sanatiel Tibulo explica que será preciso avaliar a safra que está por chegar e, se não houver qualidade suficiente, terão que buscar o produto de fora. Após as máquinas colherem os grãos nas lavouras será possível dizer quais os reflexos da situação para o consumidor nos próximos meses. As informações são do G1/RS.