Preço do arroz sofre queda, e da soja está valorizado
As colheitadeiras estão saindo de cena dos campos gaúchos. Segundo dados da Emater, resta apenas 1% de área semeada de arroz para ser colhida no Estado. A colheita da soja também está praticamente concluída, faltando alguns pontos na Região Sul, nos Campos de Cima da Serra e também Fronteira Noroeste. No Centro do Estado, ambas as culturas já foram 100% colhidas. Após meses de expectativa e de seca, os produtores contabilizam os resultados obtidos pela safra 2017/2018.
No arroz, o que mais atormenta o produtor é o valor da saca, que está sendo vendida, segundo dados da Emater, por R$ 35,81, o que representa uma alta de 0,45% em relação à semana passada. Mesmo com a alta, o baixo preço preocupa. Ele se deve, em parte, pela grande oferta do grão vindo do Paraguai.
Segundo a Emater, a produção média na região foi de 150 sacas por hectare. O agricultor Jairo Figueira, 50 anos, que produz arroz em São Gabriel, reclama que boa parte do grão que ele vem colhendo não serve para consumo no mercado interno.
– Deu muita quebra este ano por causa do tempo. O mercado gaúcho não aceita arroz quebrado e acabamos tendo que exportar ou enviar para outros Estados do país. Este ano foi complicado, principalmente com o preço que estamos conseguindo, não dá nem para cobrir os custos da lavoura – conta.
Já os produtores de soja enfrentam uma situação diferente. A estimativa da Emater é que a produtividade média na Região Central seja de 50 sacas por hectare. Além da seca que atingiu alguns municípios das regiões Central e Fronteira, muitos produtores acabaram vendendo os grãos antecipadamente, com preço tabelado em torno de R$ 70 pela saca. Com a recente alta do dólar, a soja valorizou cerca de 14%, chegando a ser vendida por R$ 80. Com isso, muitos produtores até se arrependeram da escolha.
– Nós tivemos uma safra dentro do normal. O problema foi o alto custo de produção, aliado com a venda antecipada da saca por um preço abaixo do que o mercado está oferecendo agora. Em torno de 45% dos produtores estão nessa situação. Ninguém imaginava essa alta repentina do dólar – explica o presidente do Sindicato Rural de Júlio de Castilhos, Rodrigo de Siqueira Martins.
A estiagem, ao contrário de alguns anos, não atingiu a maioria das lavouras gaúchas. Porém, em alguns pontos, ela acabou afetando e causando prejuízos para a produção.
– A colheita em São Gabriel foi muito instável. Na parte sul do município foi muito fraca por causa das chuvas abaixo da média. Acredito que em alguns pontos a produtividade não chegue a 40 sacas – afirma o vice-presidente do Sindicato Rural de São Gabriel.
Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
A estiagem afetou as lavouras ao longo do ano. No caso do arroz, a baixa qualidade do cereal afeta a comercialização no Estado
Expectativa otimista para a soja na próxima safra
Segundo o gerente regional adjunto da Emater, José Renato Cadó, produtores de soja e arroz enfrentam situações diferentes na preparação para a próxima safra. Na soja, os prejuízos com as estiagens localizadas são superadas por uma sequência de boas produções.
– A gente nota que, em função das safras anteriores, os produtores de soja estão bem capitalizados para o próximo ano. Nós esperamos, inclusive, um aumento na área plantada na nossa região. Hoje, Tupanciretã e Cachoeira do Sul são os maiores produtores da região central do Estado – diz.
Já quem planta arroz enfrenta uma situação diferente. Com o preço em baixa, e a entrada de produto do mercado externo está dificultando a vida de quem produz o cereal.
– Quem produz arroz está muito desanimado, não teria como ser diferente. O preço está muito baixo e tem muita oferta do Exterior. Como o governo não taxa esse arroz, fica complicado para quem quer produzir – frisa Cadó.
A venda de máquinas agrícolas está aquecida. Para Gilnei Freitas Crecencio, gerente de vendas da Itambé Máquinas Santa Maria, a expectativa é que no segundo semestre as vendas aumentem ainda mais.
– Muitos produtores estão na expectativa da baixa na taxa de juro, o que gera uma grande expectativa para as vendas no segundo semestre. Porém, a gente nota uma dificuldade dos arrozeiros em investimento, por causa do preço do arroz – afirma. As informações são do Diário de Santa Maria.
Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)/Divulgação.