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Torneio de Bodoque reúne participantes de todas as idades em Venâncio Aires

Pareciam crianças grandes. Com bodoques – ou fundas, ou ainda estilingues – a tiracolo, competidores de rostos lisos a rugas, de cabelos escuros a grisalhos participaram, neste domingo (26), do 1⁰ Torneio de Bodoque de Venâncio Aires.

— A nossa geração cresceu brincando disso, então é um movimento bacana resgatar. A gente fica feliz, porque tem muitas crianças aqui que, de repente, não tinham contato, e estão gostando — comenta Luiz Bonifácio Junior, 43 anos, conhecido como Boni.

Se para pessoas da idade de Boni o apetrecho ainda gerava diversão, para aqueles um pouco mais velhos, como Talito Foegl, 69 anos, a brincadeira remonta longas aventuras de um tempo de competições informais, realizadas em ruas mais seguras do que as de hoje em dia

— Eu achei bonito isso, de participar desse torneio. Quero ver se tiro um prêmio — torcia o idoso, morador da linha 17 de Junho, em Venâncio Aires.

Até aquele momento, Talito concorria à medalha de prata, pois havia perdido na fase anterior. Mas se sentia preparado — havia até treinado durante a semana, com uma panela colocada a 18 metros de distância.

— Eu furei a panela — comentou.

Apesar da tradição maldosa de acertar passarinhos com o bodoque, no torneio não havia alvos vivos — bolinhas de gude eram miradas em direção a pratinhos descartáveis colados em uma parede. Só eram permitidos equipamentos feitos com madeira e sem a adição de dispositivos que tornassem mais rápidos os lançamentos.

Morador de Rio Pardinho, no interior do município de Sinimbu, Ademir Guedes usava muito o estilingue na infância, mas lamenta que os filhos nunca se interessaram pela brincadeira.

— Até incentivei eles a praticar, a brincar com bodoque, mas as crianças de hoje em dia querem outras coisas. Preferem videogame, celular — relata.

Mesmo sem a parceria dos filhos, Ademir seguiu com a prática — não precisou nem fazer uma funda nova, pois tinha a sua há oito anos.

A maioria dos participantes era, de fato, de homens adultos, na casa dos 40 anos. Mas nem todos. Dois meninos gêmeos pré-adolescentes, por exemplo, toparam o desafio.

— Resolvi participar porque essa é uma experiência nova, que não tinha ainda aqui. E porque eu acho legal — explicou Ricardo Scheibler, 13 anos.

O menino tem o hábito — não tão recorrente, ele admite — de atirar com o bodoque. Com ele, atira em latinhas e pratica tiro ao alvo com o irmão, Roberto. Para a competição, usaram uma forquilha que já tinham e amarraram uma borracha nela.

O torneio ocorreu na linha Arroio Grande, organizado por Rogério Vogt, conhecido nas redes sociais como Alemonzito. Os prêmios variaram de R$ 250 a R$ 1,5 mil.

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