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Suspeito de liderar facção no Tocantins se escondia em Passo Fundo desde o início do ano, diz polícia

Homem foi preso em 6 de julho, em Passo Fundo, e transferido para Palmas - Ana Luiza Dias / Governo do Tocantins

A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), da Polícia Civil de Passo Fundo, prendeu um homem, de 30 anos, suspeito de integrar a facção Comando Vermelho no Tocantins. Ele foi localizado em um apartamento na Rua Independência, em Passo Fundo. A prisão aconteceu em 6 de julho, mas divulgada somente nesta semana por questões estratégicas da polícia.

A operação que levou à detenção, denominada Gotham City, contou com o apoio da Polícia Civil do Tocantins. O homem, conhecido como “Dad Charada” no mundo do crime, é apontado como um dos principais articuladores de dezenas de homicídios que ocorreram em Palmas (TO) neste ano, segundo investigação. A polícia diz que ele pretendia matar cerca de cem pessoas até o fim do ano.

De acordo com o delegado Diogo Ferreira, titular da Draco de Passo Fundo, o homem estava em Passo Fundo desde fevereiro. Ele chegou ao norte gaúcho com documentação falsificada encaminhada no Amazonas.

— É um indivíduo de alta periculosidade, considerado o “01” do crime organizado no Tocantins, responsável por dezenas de mortes em Palmas. Ele chegou em Passo Fundo com documentos falsos e fez tudo assim por aqui. Locou apartamento, fez passaporte, pagava contas de internet com documentos falsificados. Ele estava se organizando para ir a Portugal. Estamos apurando as conexões e qual o vínculo dele com Passo Fundo — declara o delegado.

Ferreira diz que o preso ficava escondido no apartamento e não saía de casa, exceto para viagens, que eram feitas com carro, ônibus e aviões.

— Ele não saía. Somente para viajar para cidades ao redor e Brasil afora. Ele não tinha muita convivência por aqui, estava apenas se escondendo. Não chegou a criar vínculos, a princípio — afirma Ferreira.

O delegado garante que o homem não tem vínculo com assassinatos no norte gaúcho. No apartamento, os policiais encontraram anotações de venda de drogas, com entorpecentes vindos do Paraguai. Além disso, foi apreendida munição.

O homem foi levado de avião até Palmas, onde foi encaminhado para a unidade prisional da capital tocantinense.

Articulador de homicídios em Palmas

Os detalhes da prisão do homem foram divulgados na quarta-feira (12), pelo secretário da Segurança Pública do Tocantins, Wlademir Mota Oliveira, e pelos delegados Guilherme Torres e Eduardo Menezes, em coletiva de imprensa realizada no Palácio Araguaia, em Palmas. O homem possuía dois mandados de prisão em aberto. Ele estaria envolvido, principalmente, em homicídios e tráfico de drogas.

Segundo a polícia, as investigações apontaram que Dad Charada era membro de uma pequena facção goiana, ligada a uma grande organização paulista, com atuação em todo o território nacional. Neste ano de 2023, ele resolveu deixar o grupo e se aliar a outra facção, o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, também com atuação nacional. Todas estas organizações atuam no tráfico de drogas.

Sobre o número de mortes relacionadas ao suspeito, o delegado afirma que o homem aproveitou a disputa de poder para se vingar de alguns desafetos que fez enquanto integrava a facção paulista.

— O objetivo era matar cem rivais até o final do ano. É um cara que queria causar toda essa perturbação, assustar a população e a facção rival. Um dos planos dele era matar o traficante da facção rival, colocando uma bomba no carro dele — declarou.

De acordo com Menezes, o preso tinha um plano de tomada de território do tráfico em Palmas:

— São dois expedientes utilizados para diminuir o efetivo da facção rival: matar as lideranças e recrutar os traficantes de menor envergadura, ocupando ainda, os setores da cidade que historicamente eram dominados pela facção rival.

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