O Ministério da Saúde anunciou ontem a oferta de um novo medicamento para o tratamento de HIV pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A partir de 2017, estará disponível o antirretroviral Dolutegravir – que, segundo o governo, traz menos efeitos adversos e é de adesão menos penosa, já que é administrado em um só comprimido diário.
A droga será inicialmente ministrada na primeira linha de tratamento, ou seja, para pacientes que estão iniciando o tratamento retroviral. Está prevista também a oferta para aqueles que apresentam resistência a outras drogas. Estima-se que cerca de 100 mil pacientes, dos 438 mil que fazem tratamento pelo SUS, serão atingidos pela mudança em um primeiro momento.
O Dolutegravir será utilizado em associação com o Tenofovir e a Lamivudina. Hoje, essas drogas são ministradas em um único comprimido, o chamado três em um, que traz também o Efavirenz, que será substituído pelo novo medicamento nos casos mencionados.
De acordo com o Ministério da Saúde, o preço negociado pelo medicamento é o menor do mundo. O valor é de US$ 1,5, com desconto de 70% em relação ao valor original. De acordo com o ministro Ricardo Barros, não haverá necessidade de gastos extras para a mudança, que prevê a aquisição inicial de 40 milhões de unidades do medicamento. Além do Brasil, países como Portugal, Espanha, Canadá e Estados Unidos empregam o Dolutegravir em tratamentos contra o HIV.
Carlos Alberto Duarte, vice-presidente do Grupo de Apoio e Prevenção à Aids (Gapa), recebe como um avanço a decisão do governo federal. Ele explica que o Dolutegravir já era utilizado no Brasil, mas como terceira ou quarta opção, apenas depois do fracasso de combinações anteriores. Agora, passando a ser um dos medicamentos de primeira linha de tratamento, Duarte acredita que haverá melhora na qualidade de vida dos pacientes. Atualmente, poucos países no mundo usam a mesma combinação de remédios contra HIV empregada pelo SUS.
“O três em um atual já está sendo usado há mais de 10 anos. Com o tempo, os efeitos colaterais vão se tornando mais visíveis, já que é um tratamento de longo prazo. Quanto mais moderna é a medicação empregada, menos efeitos negativos são esperados”, explica.
De acordo com o vice-presidente do Gapa, os mais frequentes efeitos adversos causados pela atual combinação atingem os rins e o fígado. O Efavirenz também é conhecido por, eventualmente, ter efeito psicotrópico, causando alucinações. “O custo inicial (de usar o Dolutegravir) pode ser alto, mas tende a ser uma mudança benéfica para todos”, defende.