Schuch: “Fragilidades e oportunidades da Covid-19”
Esta pandemia que pegou o mundo de surpresa e fez ajoelhar, inclusive, as maiores potencias econômicas e cientificas do mundo, colocou em evidência as grandes fragilidades de um mundo globalizado, que se por um lado facilita a circulação de mercadorias, por outro também facilita a circulação das doenças ceifando milhares de vidas e destroçando famílias. Mas a fragilidade maior do momento é a dependências de outros países em equipamentos comuns, como respiradores e máscaras.
“Vamos comprar de quem ofertar mais barato e vender para quem pagar mais”. Este é o discurso da globalização, não interessa em que país esta produção ocorre e nem se é um único fornecer, e que se danam as pequenas, médias ou grandes empresas locais. Isso pode funcionar, mais ou menos, em tempos normais. Mas basta uma pequena crise e este modelo desmorona, como estamos vendo agora. Respiradores, máscaras, equipamentos hospitalares, equipamentos de proteção individual, além de desaparecerem têm seus preços mais do que triplicados, contratos de fornecimento são rompidos e os equipamentos repassados ao país com maior capacidade de pagamento. Nossa agricultura também está cada vez mais impactada pelos preços dos insumos e tecnologias de um mercado globalizado.
Este é o preço que a globalização está nos cobrando agora, e neste momento seus defensores e apoiadores simplesmente desaparecem, e o que é pior, vão aos governos pedirem ajuda para os seus grandes empreendimentos. Com céu limpo, querem o governo fora, mas basta um temporal para se socorrerem no Estado, drenando bilhões de reais que deveriam chegar à população mais necessitada.
Mas estamos tendo a oportunidade de voltarmos a produzir internamente pelo menos uma boa parte da produção dos equipamentos e bens necessários para a vida. Foram inúmeras as iniciativas das empresas locais que rapidamente desenvolveram tecnologias para a produção de respiradores e demais equipamentos, mas que estão enfrentando as barreiras impostas por uma legislação atrasada e atrelada aos interesses de determinados grupos e que precisam ser rompidas.
Esta mesma oportunidade se abre para todas as demais áreas, que vão desde a produção agrícola, onde vendemos praticamente toda a nossa produção in natura para os demais países beneficiarem e lucrarem, até a exportação de minério de ferro a preços baixíssimos para depois importarmos a altos preços produtos industrializados.
É uma oportunidade também para o setor científico descobrir novos procedimentos para desenvolver e encontrar curas para esta pandemias em menor tempo, não dá mais para esperar por anos e décadas para que vacinas e medicamentos sejam desenvolvidos. Mas a maior oportunidade é para que as pessoas começam a entender que precisamos viver uma vida mais sustentável e com melhor relacionamento humano.
*Heitor Schuch, deputado federal