Polícia indicia ex-secretário de Cruz Alta suspeito de exigir parte do salário de servidora
O ex-secretário de Desenvolvimento Rural de Cruz Alta Claudir Knipoff foi indiciado nesta sexta-feira (20), por corrupção passiva e denunciação caluniosa. Ele era investigado pela 1ª Delegacia de Polícia Civil da cidade do Noroeste do estado após denúncia de uma assessora, que dizia ser obrigada a repassar 60% do salário ao secretário, a título de “contribuição partidária”.
Segundo o delegado Josuel Muniz, ficou provado que o ex-secretário solicitou vantagem indevida, fazendo uso de sua função pública.
A ex-funcionária afirmou, na denúncia, que chegou a repassar os valores solicitados, mas no mês seguinte, se recusou. Acabou sendo demitida, segundo a Polícia Civil.
As investigações ainda apontaram que o ex-secretário registrou um boletim de ocorrência contra a ex-assessora, acusando-a de extorsão. Ela foi investigada, porém nada ficou provado, conforme a polícia. Por isso, Claudir também foi indiciado por denunciação caluniosa.
O próximo passo é a análise do inquérito, pelo Ministério Público, que poderá oferecer denúncia contra o ex-secretário, iniciando-se a ação penal.
Ao G1, o advogado Luis Gustavo Durigon, que defende o ex-secretário, afirmou que ainda não tem conhecimento dos termos do indiciamento, e que deve se manifestar somente quando tiver acesso à conclusão da polícia.
A denúncia
A assessora, que prefere não ter o nome citado, começou a trabalhar na Secretaria de Agricultura da cidade em junho de 2017. Em julho, ao receber o primeiro salário, ela afirma que o então titular da pasta, Claudir Knipoff, exigiu parte do salário dela de quase R$ 2,5 mil.
Segundo a mulher, ele teria ido à casa dela pegar R$ 1.484. A servidora gravou a conversa.
Assessora: Eu peguei R$ 2.484,00…
Secretário: Uhum.
Assessora: Aí eu tenho que te dar?
Secretário: Tem que dar a diferença. Mas não é pra mim.
Assessora: Não, sim. Este valor assim foi um acordo que nós “fizemo” ou este valor eu tenho que dar essa porcentagem para o partido? Ou tem uma porcentagem equivalente para o partido? Ou por eu ser um cargo alto eu tenho que dar?
Secretário: Não, não, não… O que eu te falei foi aquilo que eu te expliquei. Eu já te expliquei três ou quatro vezes aquilo lá. É aquela situação lá, é um cargo do partido, de manutenção do partido… e isso é do partido, não é que é lei e isso e aquilo. Eu tô dizendo, por que depois lá na frente né… como eu te expliquei toda aquela situação, nada impede depois você ter, fazer a tua parte politicamente, entendeu?
Assessora: Uhum.
Secretário: E ter o teu, da tua forma integral.
Outro trecho da gravação sugere que Claudir Kiripoff pediu para a assessora não falar da negociação com ninguém.
Assessora: E tem uns quantos que vem me perguntando quanto que eu tinha que fornecer para o partido. Aí eu disse: ‘não, a princípio não foi falado nada’. Não sei quanto que é as “porcentagem”.
Secretário: É isso aí, não sei de nada, não conheço ninguém, não sei de nada.
Em agosto, quando a assessora recebeu o segundo salário, ela se negou a repassar mais dinheiro ao então secretário. Por isso, Claudir Kiripoff teria demitido a funcionária. Insatisfeita, ela foi até a prefeitura e mostrou a gravação ao prefeito Vilson Roberto (PT). Após reunião com o prefeito, Claudir pediu exoneração do cargo. As informações são do G1.
Foto: Reprodução/RBS TV.