Polícia Federal prende o ex-ministro Antonio Palocci em mais uma fase da Operação Lava-Jato
O ex-ministro Antonio Palocci foi preso, em São Paulo, na 35ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada pela PF (Polícia Federal) na manhã desta segunda-feira (26). Ao todo, foram expedidos 45 mandados judiciais, sendo 27 de busca e apreensão, três de prisão temporária e 15 de condução coercitiva em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal.
A ação foi batizada de Omertà. Palocci foi ministro da Casa Civil no governo Dilma Rousseff e ministro da Fazenda no governo Lula. A prisão do petista foi um pedido da PF, acatado pela Justiça. Os policiais também cumprem mandados na casa e no escritório do ex-ministro.
As suspeitas sobre Palocci surgiram na delação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Ele disse que, em 2010, Alberto Youssef lhe pediu R$ 2 milhões da cota de propinas do PP para a campanha presidencial de Dilma. O pedido teria sido feito por encomenda de Palocci.
Segundo a PF, a atual fase investiga indícios de uma relação criminosa entre o ex-ministro com o comando da principal empreiteira do País, a Odebrecht. “Há indícios de que o ex-ministro atuou de forma direta a propiciar vantagens econômicas ao grupo empresarial nas mais diversas áreas de contratação com o Poder Público, tendo sido ele próprio e personagens de seu grupo político beneficiados com vultosos valores ilícitos”, diz a PF.
As investigações apontam ainda que, entre as negociações, estão tratativas entre o grupo Odebrecht e o ex-ministro para a tentativa de aprovação do projeto de lei de conversão da MP 460/2009, que resultaria em imensos benefícios fiscais, aumento da linha de crédito junto ao BNDES para um país africano com o qual a empresa tinha relações comerciais, além de interferência em licitações da Petrobras para aquisição de 21 navios sonda para exploração da camada pré-sal.
Operação Omertà
Segundo a PF, Omertà “é uma referência à origem italiana do codinome que a Odebrecht usava para fazer referência ao principal investigado da fase, bem como ao voto de silêncio que imperava no Grupo Odebrecht que, ao ser quebrado por integrantes do setor de operações estruturadas”, permitiu o aprofundamento das investigações. Além disso, o nome remete à postura atual do comando da empresa, que se mostra “relutante em assumir e descrever os crimes praticados”. (AG)