Polícia abre inquérito para apurar irregularidades na substituição de peças em carros acidentados no RS
A Delegacia do Consumidor da Polícia Civil abriu um inquérito para apurar irregularidades na substituição de peças em carros acidentados nas oficinas investigadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Seguradoras, da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Uma blitz começou a vistoriar os estabelecimentos nesta quinta-feira (21). São investigadas suspeitas de estelionato e de crimes contra as relações de consumo.
Integrantes da CPI da Seguradora, do Procon, da Delegacia do Consumidor da Polícia Civil, do Ministério Público e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado (Crea-RS) participaram da operação. A CPI investiga indícios que companhias seguradoras enganam proprietários de veículos com trocas de peças danificadas por outras que seriam de baixa qualidade. Três estabelecimentos foram visitados, e foram emitidos pelo menos 20 autos de infração por desrespeito aos direitos do consumidor.
“Estamos constatando que o consumidor não sabe que ele está entregando o carro para que seja trocada uma peça por um sinistro ocorrido. Onde deveria ser uma peça original estão sendo colacadas peças restauradas ou peças não genuínas”, afirma a diretora-executiva do Procon RS, Maria Elisabeth Pereira.
O proprietário de uma oficina fiscalizada se defendeu. “Aquilo que é necessário trocar, tem que ser trocado. Item de segurança jamais faz alguma coisa nesse sentido. A responsabilidade é toda nossa”, afirma o empresário Clovis Della Flora.
Em outra oficina, foram encontradas irregularidades. “O uso de peças raspadas, com a logo raspada, peças de segunda linha, rejeitadas pela montadora que acabam sendo reaproveitadas. É grave porque o consumidor acaba levando gato por lebre”, explica o presidente da CPI das Seguradoras, deputado Enio Bacci (PDT).
De acordo com o delegado Rafael Liedtke, titular da Delegacia do Consumidor, “segundo os contratos, as peças devem ser homologadas pelas montadoras, originais ou genuínas”.
“Deve ser respeitado o contrato sob pena de indiciamento por estelionato e crimes contra as relações de consumo. Cada um dos crimes tem pena máxima prevista de até cinco anos de detenção”, prossegue Liedtke.
Por não saber detalhes do que foi encontrado nas oficinas, o presidente do Sindicato das Seguradoras do Estado, Guacir Bueno, afirmou que, por enquanto, não vai se pronunciar.