A possibilidade de fechamento do setor materno-infantil do Hospital São Lucas tem gerado protestos de estudantes da Faculdade de Medicina da PUCRS e da comunidade e provocado apreensão entre pacientes e familiares, que dependem dos atendimentos da instituição pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Vanessa dos Santos Moura, 17, foi pega de surpresa ao saber que o São Lucas poderia ficar sem atendimento pediátrico. Natural de Arroio do Tigre, ela viaja a Porto Alegre duas vezes por mês para garantir atendimento ao filho, Fernando Hidersmann, com dois anos.
— Ele foi diagnosticado com anemia desde um aninho de idade. Faz seis meses que iniciamos o tratamento aqui na PUCRS. O atendimento é maravilhoso. Na minha cidade não tem pediatria, não sei o que vou fazer se perder essa vaga — relata.
O diretor-técnico Saulo Bornhorst afirmou que o hospital contabiliza um déficit de R$ 200 milhões e o fechamento de alguns serviços é estudado para retomar a sustentabilidade financeira da instituição. Mas ressaltou que o encerramento do setor é uma dentre outras possibilidades, e que um estudo feito em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) deve ficar pronto em um prazo de 60 dias.
— São possibilidade que estamos estudando. Ainda não temos nada definido. Temos equipes trabalhando nisso e devemos ter uma definição em até dois meses — afirma.
De acordo com Bornhorst, o Centro Obstétrico teve, em média, 229 partos mensais no ano passado. Já em 2018, a média foi de quase 280 partos por mês.
— Uma maternidade para ser sustentável e se pagar precisaria realizar cerca de 400 partos mensais em média — afirma.
Questionado sobre as dificuldades financeiras da instituição, Bornhorst reiterou que o hospital precisa “se atualizar” para não correr risco de “suspender outros atendimentos”.
— O São Lucas tem uma importância não só para a saúde de Porto Alegre, mas para muitos pacientes do Rio Grande do Sul e de fora do Estado. Estamos trabalhando para garantir que ele continue tendo essa relevância, principalmente em alta complexidade — declara.