Justiça condena 15 pessoas por fraude na concessão de benefícios do INSS
A Justiça Federal condenou 15 pessoas por fraudar a concessão de benefícios previdenciários em Passo Fundo, no norte do Estado. A investigação, iniciada em 2007 com a Operação Van Gogh, identificou uma quadrilha especializada que, com a ajuda de um médico, fornecia atestados médicos falsos. À época, o INSS estimou fraude de R$ 4 milhões, segundo a Justiça Federal.
O grupo, incluindo beneficiários, foi condenado por crimes como estelionato e formação de quadrilha. Os nomes não foram divulgados.
Conforme a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), o grupo era formado por um despachante, um psiquiatra, as mulheres de ambos e dois servidores, dois peritos e um vigilante do INSS. Ainda segundo o MPF, o despachante era responsável por encontrar pessoas interessadas em “se encostar” na Previdência Social, e o psiquiatra atestava doenças inexistentes, muitas vezes sem examinar o paciente. A mulher do despachante seria a responsável por encomendar os atestados à esposa do médico. Conforme a denúncia, o grupo usou da influência do assessor de um deputado estadual para garantir a concessão indevida dos benefícios.
De acordo com a Justiça Federal, os acusados disseram, em suas defesas, que as concessões eram regulares. Os clientes que se beneficiaram do esquema afirmaram inocência e, entre os argumentos apresentados, alegaram o desconhecimento da ilegalidade e a existência de doenças incapacitantes.
Na decisão, o juiz Rodrigo Becker Pinto, da 3ª Vara Federal de Passo Fundo, destacou conversas telefônicas interceptadas em que as mulheres do despachante e do psiquiatra combinavam a emissão de atestados médicos para uma lista de clientes. Também foram gravados acertos relativos a pagamentos aos peritos que seriam designados para as avaliações no INSS.
O despachante e o psiquiatra, suas respectivas esposas, os servidores do INSS, o vigilante e um assessor parlamentar foram condenados por formação de quadrilha e por estelionato. Um dos peritos foi absolvido, e outro morreu durante o processo. Sete beneficiários também foram condenados por estelionato.
As penas chegam a dois anos e quatro meses de reclusão – no entanto, ainda deverão ser somadas de acordo com o número de condenações de cada um. Somente o despachante foi condenado em 13 ações, e o psiquiatra, em 12. O grupo também foi condenado a pagamento de multa e reparação do dano aos cofres públicos. Os servidores federais ainda tiveram decretada a perda do cargo.
Outras oito pessoas foram absolvidas porque a Justiça entendeu que os segurados realmente tinham doenças que os impediam de trabalhar. Cabe recurso da decisão ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região. As informações são da Gaucha ZH.
Foto: Reprodução.