Filha que planejou a morte do próprio pai em Segredo o abraçou minutos antes da execução
A visita da filha acompanhada do namorado foram os últimos momentos vividos por José Darício de Souza, conhecido como Zezão, de 43 anos, em sua propriedade, em Rincão Nossa Senhora Aparecida, interior de Segredo, na noite do dia 26 de maio. Naquele momento em que recebeu o abraço da filha jamais imaginou que em seguida seria simulado um assalto que ela teria planejado. Um segundo homem chegou ao local e ameaçou justamente a filha. Vendo que o alvo seria a jovem é que o pai não reagiu. Porém, em seguida ele e o empregado, Mazonde Rodrigues de Nepomuceno, 63 anos, com as mãos amarradas para trás, foram levados até o lado de fora da casa e alvejados com tiros no rosto, na presença da jovem. Também foram retirados alguns objetos para simular latrocínio.
Em entrevista à Geração FM, nesta quarta-feira, 03, a delegada Graciela Foresti Chagas, revelou detalhes da investigação, onde apenas dois dias após o duplo homicídio a Polícia Civil prendeu preventivamente dois suspeitos do crime, a filha e o namorado dela.
Kalinca Lopes, de 23 anos, inicialmente negou participação, mas diante de muitas evidências colhidas pela polícia e contradições, acabou admitindo que planejou a morte do próprio pai. Apesar de defender o namorado João Ricardo Prestes, dizendo que ele só ficou sabendo do fato na noite do crime, ele que é morador de Candelária, também foi preso. A delegada contou que o namorado possuia vínculo anterior com indivíduo contratado. O namoro entre os dois também é recente (cerca de dois meses). O empregado foi morto por ter testemunhado a ação.
Ainda conforme a delegada, uma das motivações para o crime seria uma disputa patrimonial na família desde que a filha e a mulher de Zezão deixaram a casa dele. O casal vinha debatendo a disputa de bens desde a separação em março. Segundo narrativa da mãe, quem assumiu as discussões com o pai foi a filha. Era ela que discutia as divisões patrimoniais. O homem possuía, segundo informou a filha, um seguro de vida de R$ 500 mil reais em que ela seria a única beneficiária. Quanto a isso, se existe ou não, ainda está sendo averiguado pela polícia.
Ao ser questionada sobre o comportamento da jovem, a delegada respondeu que ela não tinha nenhum traço psiquiátrico até os 23 anos. “Não percebi isso. Nenhuma das testemunhas narrou isso. Nem a mãe falou algo no sentido. O que eu percebi foi a “frieza” dela. Em nenhum momento esboçou reação de remorso ou emoção. A preocupação seria apenas com a responsabilização dela”.
Quanto ao patrimônio e a forma humilde levantado pela defesa da jovem, a delegada frisou que, como muitos agricultores da região, a família de Darício tem um patrimônio considerável, mas vivia de maneira humilde. “Isso não significa que não tenham dinheiro. Eles tem grande área de terra, plantações, veículos, toda a safra de fumo e a propriedade com benfeitorias”.
Já o homem suspeito de ter praticado as duas execuções está com mandado de prisão expedido e é considerado foragido. Ele tem passagens pela polícia e teria recebido o valor de R$ 5 mil.
As investigações ainda estão em andamento. Algumas questões precisam ser analisados. O duplo assassinato chocou o município de Segredo.
*Ouça a entrevista no player acima.
Foto: Polícia Civil / Divulgação