Espécie de “chuva negra” cai sobre cidade da região
Júlio de Castilhos pode ter registrado um fenômeno meteorológico no final tarde desta terça-feira quando uma chuva fina deixou carros e casas sujos (foto) com algo que parecia uma camada de lama.
A garoa atingiu o município durante boa parte do dia, mas foi por volta das 18h, que moradores estranharam a coloração das marcas deixadas pela chuva.
De acordo com Vagner Anabor, professor doutor do curso de Meteorologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), somente uma análise feita em laboratório poderá apontar com exatidão qual material foi precipitado pela chuva, mas o episódio pode ser classificado, em um primeiro momento, como uma espécie de “chuva negra”.
– Tecnicamente, a expressão se refere à chuva que ocorre durante acidentes radiativos como em Chernobyl (1986). A chuva entra em contato com as partículas radioativas, e o resultado é uma chuva radioativa, que contamina tudo o que tiver contato. Este exemplo é interessante para entendermos o que aconteceu em Júlio de Castilhos, pois o processo é o mesmo – explica o professor do Grupo de Modelagem Atmosférica de Santa Maria (GruMa).
Ainda de acordo com Anabor, o ideal, é que esta água da chuva não seja utilizada até que se faça uma análise química da água e do material que foi precipitado pela chuva.
– Se na atmosfera houver materiais particulados em suspensão na atmosfera, vulgarmente chamados de poeira, quando a chuva passar por estes materiais durante sua queda, eles serão coletados e precipitados sobre as superfícies com que tiver contato. Este processo é chamado de deposição úmida pela chuva. De maneira mais simples, a chuva lava a atmosfera. Mas as pessoas devem ter cuidado, pois estes materiais em suspensão podem apenas ser pó de terra, mas também podem ser tóxicos, como veneno pulverizado em larga escala. Tudo depende da fonte de origem do material – ressalta o professor.