A suspeita de que uma contaminação da água tenha sido responsável pelo surto de toxoplasmose na região de Santa Maria, no centro do Rio Grande do Sul provocou uma corrida por água mineral. Já nas escolas os bebedouros foram interditados, e as crianças são orientadas a trazer água fervida de casa.
O boletim mais recente divulgado pela prefeitura, na sexta-feira (20) confirma 21 casos de toxoplasmose na cidade. Desse total, sete são gestantes, e outras 47 amostras aguardam resultado.
Em uma escola de Santa Maria onde estudam 1 mil alunos, por exemplo, estudantes bebem apenas água em garrafinhas. Cada um com a sua. Thaylliny Leal, de 6 anos, trouxe a sua preparada pela avó. “Ela me disse para eu não tomar mais água da torneira”, conta.
A orientação que vem de casa é reforçada dentro de sala de aula. Mas não são apenas os alunos que têm consumido água fervida. As crianças levam para casa a orientação de ferver a água por 10 minutos.
Bebedouro interditado em escola de Santa Maria, cidade enfrenta surto de toxoplasmose (Foto: Reprodução/RBS TV)
Todos esses cuidados são adotados para evitar o contato com o parasita responsável pela toxoplasmose. A medida foi determinada pela coordenadoria regional de educação, e deve ser seguida por todas as escolas estaduais da cidade.
“Na sexta-feira (20) veio e-mail da coordenadoria essa orientação para interditar os bebedouros e para orientar os alunos a trazerem as garrafinhas com água”, afirma a vice-diretora Larissa Rosa dos Santos, dizendo que “a aceitação está sendo boa, eles estão trazendo”.
Na rede municipal a situação não é diferente. Todos os bebedouros foram interditados na semana passada. Os cerca de 400 alunos têm levado as garrafinhas de casa.
“Nós também estamos fervendo, porque temos alunos do turno integral, e não tem como os pais mandarem tanta água pra escola”, conta a coordenadora pedagógica da escola, Silvani Sathres.
A água fervida também é usada pelos professores e na merenda das crianças. A medida é necessária até que descubra a fonte de contaminação responsável pelo surto de toxoplasmose em Santa Maria.
Crianças são orientadas a levar garrafas com água fervida para consumo na escola (Foto: Reprodução/RBS TV)
A Prefeitura de Santa Maria deve ter uma reunião nesta terça-feira (24) com o ministro da Saúde para discutir a situação, e buscar recursos financeiros. A administração municipal informou que investiu R$ 30 mil na compra de antibióticos e antivirais, e que foram compradas 6 mil dezenas de unidades de remédios, que são suficientes para três meses.
As autoridades sanitárias municipais destacam a importância do acompanhamento efetivo das gestantes, grupo que mais preocupa, já que a doença pode gerar riscos ao bebê. Por enquanto, segue valendo a orientação de que elas consumam apenas água mineral.
Para o restante da população, a água deve ser fervida por 10 minutos.
A toxoplasmose, cujo nome popular é doença de gato, é uma doença infecciosa causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii. Este protozoário é facilmente encontrado na natureza e pode causar infecção em grande número de mamíferos e pássaros no mundo todo.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia, a doença pode ocorrer pela ingestão de oocistos [onde o parasita se desenvolve] provenientes do solo, areia, latas de lixo contaminadas com fezes de gatos infectados; ingestão de carne crua e mal cozida infectada com cistos, especialmente carne de porco e carneiro; ou por intermédio de infecção transplancentária, ocorrendo em 40% dos fetos de mães que adquiriam a infecção durante a gravidez.
Em alguns casos os sintomas não se manifestam, mas podem ser:
- Febre;
- Cansaço;
- Mal estar;
- Gânglios inflamados.
O período de incubação da toxoplasmose vai de 10 a 23 dias quando a causa é a ingestão de carne, e de 5 a 20 dias quando o motivo é o contato com cistos de fezes de gatos.
A Sociedade Brasileira de Infectologia lista medidas de prevenção:
- Não ingerir carnes cruas ou malcozidas;
- Comer apenas vegetais e frutas bem lavados em água corrente;
- Evitar contato com fezes de gato. As gestantes, além de evitar o contato com gatos, devem submeter-se a adequado acompanhamento médico (pré-natal). Alguns países obtiveram sucesso na prevenção da contaminação intrauterina fazendo testes laboratoriais em todas as gestantes;
- Em pessoas com deficiência imunológica a prevenção pode ser necessária com o uso de medicação dependendo de uma análise individual de cada caso. As informações são do G1.
Foto: Diário de Santa maria.