Após fugas, diretor de presídio reclama de falta de efetivo carcerário
Em menos de uma semana a Penitenciária Industrial de Caxias do Sul, na Serra gaúcha, registrou duas fugas. Os cinco detentos que conseguiram fugir ainda não foram localizados. O sistema de segurança é precário, o efetivo de agentes é pequeno e o local enfrenta ainda a superlotação. Celas construídas para quatro pessoas chegam a abrigar mais de 10.
A fuga mais recente ocorreu na segunda-feira (8) quando quatro detentos que cumpriam penas por assalto, estupro e tráfico de drogas conseguiram fugir. As grades das celas foram cerradas e eles usaram uma corda para pular o muro da penitenciária, em um ponto bem abaixo de uma das guaritas de segurança. Na quinta-feira passada, dia 4 de agosto, um outro preso fugiu ao pular o muro.A Penitenciária Industrial de Caxias do Sul tem capacidade para 290 apenados, mas hoje abriga 618, com um efetivo de 51 agentes penitenciários. De acordo com a direção da unidade penitenciária, o ideal seriam 110.
O diretor da penitenciária afirma que as tentativas de fuga acontecem diariamente. Apenas 12 agentes trabalham em regime de plantão por dia, o que, segundo ele, dificulta a situação. “O apenado tem 24 horas para pensar em fugir. Então tomamos o cuidado diário para tentar evitar que isso aconteça, mas é claro que nem sempre a gente tem o êxito de tentar inibir essas fugas”, disse o diretor da Penitenciária Industrial de Caxias do Sul, André Gomes, prometendo uma revista geral.
O agravamento da crise econômica enfrentada pelo estado, conforme Fernando Marca, coordenador da Pastoral Carcerária. “Como o governo esta arrecadando menos, vem menos verba aqui para para dentro. Então, falta material de higiene, a questão da saúde é muito preocupante”, diz.A penitenciária é cercada por concertina, que são armações de ferro colocadas em cima dos muros, além de seis guaritas onde ficam policiais militares. Por conta da fuga, foi aberta uma sindicância, mas o comandante do 12º Batalhão da Brigada Militar, capitão Rodrigo Becker, afirma que o efetivo é pequeno, e que por isso trabalha com o mínimo necessário, com rodízio entre as guaritas.
“Não é possível ter gente em todas a todo o momento (…) às vezes tem que atender outras coisas, são mais de 600 olhos em cima dele. É preciso ajustar o todo com câmeras de monitoramento, segurança física da penitenciária, mais agentes da Susepe (Superintendência dos Sistema Penitenciário), fortalecer tudo isso para tentarmos mudar a realidade”, afirma.